A criança interior representa o nosso lado mais inocente, alegre, despreocupado, curioso e divertido, que gosta de brincar!
E embora estas características sejam muito positivas, há certamente partes da nossa infância, da nossa criança, que não são assim tão cor-de-rosa.
Debaixo das mulheres que hoje somos, talvez habitem crianças que outrora viveram traumas profundos, sentiram ausência de afeto, sentiram-se inferiores, inseguras, desprotegidas, rejeitadas, abandonadas, ou que nunca eram suficientes.
Ao longo do nosso crescimento, vamos talvez procurando ignorar essas feridas, embora as transportemos inconscientemente para os nossos relacionamentos, repetindo sempre os mesmos padrões.
A infância é também a altura em que começamos a construir as crenças sobre nós mesmas e sobre o mundo, com base no que nos foi transmitido pelos nossos pais e por outras figuras significativas.
“O dinheiro é muito difícil de ganhar”
“As pessoas não são de confiança”
“Se fizeres tudo bem, és uma linda menina”
“Se te portares mal, és má”
“És distraída e desastrada”
“O que fizeste não chega”
Vamos ouvindo frases como estas muitas vezes, e começamos a acreditar nelas como se fossem verdades absolutas, mesmo que não o sejam.
Seja quais forem os sentimentos, as dores e os traumas que vivenciámos na infância, é possível que eles nos tenham moldado ao longo da vida e que alguns deles ainda morem dentro de nós.
O facto de irmos ficando com mais anos de vida, não significa que essa criança esteja curada, que essa criança já não exista.
A verdade é que essa criança que fomos, continua dentro de nós. É a nossa criança interior. Que caso não seja olhada, nutrida e amada continuará a sentir-se mal e vazia.
A forma como nos sentimos revela muito da forma como ela se sente.
Curar a criança interior significa assumirmos a responsabilidade por nós, pelas nossas necessidades. É um convite à reparentalização.
Eu me torno primeiramente mãe de mim mesma, e dou-me aquilo que eu preciso. Quão poderoso é isso?
Nutrir a criança interior é também resgatar brincadeiras e práticas que nos faziam sentir felizes e amadas na infância: cantar, dançar, brincar às escondidas, pintar um desenho, ver desenhos animados, saltar à corda, fazer um bolo, ler uma história de encantar.
E tu, como sentes que podes nutrir a tua criança interior?
Um abraço grande,
Sílvia Xará